sábado, 25 de setembro de 2010

Multidão

Multidão. Gente. A agitação faz-me encolher cada vez que por dentro grito pelo outro sítio onde queria estar. Agarro-me ao chão e sinto nos dedos a única segurança de caminhos por quem ali passou com menos saudade que eu. Durante muito mais que segundos, horas ou dias, desejo dolorosamente aquilo que me arrependo de ter deixado para trás.
Até que pedaços do que sou - não: tudo o que sou - me devolvem ao meu novo mundo e me asseguram de que também aqui posso encontrar felicidade.
Sem saberes, sorrio pela ingenuidade de não saberes que a verdadeira felicidade passa por onde andam os teus pés.

6 comentários:

Anónimo disse...

A turba rodopia, deixando-me aturdido com o caos. Vejo-as alegres contentes, tristonhas e chorosas, pessoas que nunca se sentirão insulares.
Desligado dos meus semelhantes, com tanta (in)diferença, sou apenas mais um que deambula por essas ruelas, cheias de histórias de desconhecidos engulidos por essa massa informe. Chocamo-nos,luto, pacificamente, pela minha sobrevivência. Partilho com elas o ar que respiro, tudo o resto, disputo. Entramos em contendas pelo espaço, pelo tempo, pelo espírito. Quem ganhará essa guerra, não sei, porém, com a mesma certeza que tenho do meu ser, sinto a minha força esvair-se, a minha resistência a fraquejar. Não durarei muito mais tempo. Em breve transformar-me-ei naquilo que creprovo e nada me poderá impedir. Ajuda? Quem se oferece? O esforço despendido, nesta tentativa, que agora observo ser vã, de uma vida de probidade, gasto, desvanecido, como se nunca tivesse existido.
Ah, ah, ah... oiço o riso de um homem desesperado, o meu riso...

A minha felicidade, em certa medida, depende de mim. No entanto, a que custo? Não, não a posso exigir, pois não é um direito meu. Terei de viver sem a desejar. Talvez devesse fugir dela, da frustração resultante de a almejar. Contudo, tal comportamento não é honroso, digno. Lidarei com ela como se deve, de pé, parado e silente...
Esperando o inevitável...

Cacao disse...

Não consigo responder à letra (altura) deste comentário, mas gostava mesmo que o Anónimo se identificasse. Ou pelo menos me dissesse um blog em que escreva, porque estou maravilhada com a escrita.

Anónimo disse...

Não tenho blog.
Vai escrevendo que gosto de ler.

;-)

Nemo disse...

Poucas ou nenhumas palavras que escreva são dignas de figurar perante os dizeres dos meus digníssimos antecessores. Mesmo assim, sinto-me na obrigação de agradecer as passagens que me são berço, casa e abrigo, com as quais me identifico e me revejo com afinidade inigualável.
Encorajo ambos, especialmente a minha prezadíssima amiga Carolina, a continuar a dar largas ao imenso talento que albergam, cuja pena não tem papiro que lhe faça justiça.
Bem-hajam!

Anónimo disse...

Descreveste muito bem como me sinto!...

Anónimo disse...

3 anónimos...